Somos pessoas arrogantes. Sim! Dói, não
é? Mas é a verdade. Achamos que estamos preparados pra tudo: pra morte, pra uma
briga, pra uma demissão, pra uma crise financeira... Quantas vezes já ouvi
pessoas dizerem coisas do tipo: “se morrer, morreu”; ou “se eu perder compro
outro”, ou “se eu ficar pobre (de dinheiro) consigo tudo de novo”; “ ninguém é
igual a mim no meu trabalho porque sou o melhor”; “eu sou mais evoluído”, “eu
sou esperto e consigo fazer tudo”, “é difícil pra você? Pra mim é tão fácil”...
Se você não falou uma dessas frases, ou
algo parecido com isso, você pensou em algum momento. Antes do meu casamento,
eu era uma ótima conselheira para as casadas: “se fosse comigo seria assim”, “se
fosse comigo eu não deixaria”... E aí... acontece com você. E você vê que todas
as tuas teorias baseadas em NADA valem o mesmo: NADA.
Como disse anteriormente em outros
artigos, toda religião que me ensina a ser melhor eu pego o melhor dela e trago
pra mim. Uma amiga da Seicho-No-Ie me ensinou uma coisa muito importante.
Dentro desta religião tem preletores. Esses preletores orientam somente pessoas
que estão passando pelo mesmo que eles já passaram, enfrentaram, digeriram e
superaram. Entende a lógica?
Como um professor pode ensinar moda sem
nunca ter estudado moda ou trabalhado na área? Como alguém que não entende de
matemática e odeia a matéria pode ensinar uma criança a gostar da matéria ou
algo sobre ela? Depois do divórcio (que ainda está em andamento e corre em
segredo de Justiça), comecei a ouvir pessoas que já passaram pelo mesmo. Apeguei-me
ainda mais ao meu lado espiritual. Porque eu, matéria, acreditava que por
meditar alguns minutos por dia, fazer yoga, terapia e não fazer mal a ninguém estava
muito bem, evoluída e curada. Mas não estava. Arrogância.
Então a vida me virou ao avesso e me fez
ver que nada do que está acontecendo é físico. Tudo é espiritual. São lições
que eu deveria ter aprendido e precisava aprender pra me tornar um ser humano
melhor. E quando eu me abri, e dessa vez de verdade, para o que o Universo
estava tentando me dizer, as coisas começaram a ficar mais claras. As
lembranças do passado começaram a ressurgir. E a lógica das coisas começou a
aparecer. Os “porquês”, os sinais que foram ignorados... Tudo veio à tona de
tal forma que eu me assustei. De verdade. Tive medo, chorei copiosamente por
dias, tentava encontrar um culpado pra tudo...
Mas, e as minhas ações? E as minhas
escolhas? O que me levou a certo ponto? O que me tirou dos eixos? O que me fez
acreditar que eu estava curada? Por que algumas ações que já haviam ficado no
passado voltaram à tona? Acredita realmente que isso é físico ou material?
Não, meu caro leitor: é espiritual,
mental... E a nossa arrogância não nos deixa ver. Nada nessa vida acontece por
acaso. De tudo temos uma lição para tirar. E quando comecei a enxergar isso, me
vi cercada de pessoas que me amavam tanto, que acreditavam tanto em mim, que
viam além do que eu mesmo podia ver. Comecei a estudar os sinais, ser mais grata
pela minha família, mais humilde, pedir mais desculpas...
Um dia estava com a geladeira abarrotada,
roupas que não tinha nem onde guardar... No outro, me vi com pão e iogurte em
casa. Era o almoço para uma semana. Meu orgulho não deixava que as pessoas que
realmente me amavam vissem que, teoricamente, eu havia fracassado. No outro,
estava com a geladeira cheia, abraços apertados, correntes de orações e
energias positivas, oportunidades... Saí do meu casulo, recusei medicamentos
pra “amenizar” a dor.
No começo eu queria fazer qualquer coisa
para fugir da dor. Soníferos, reclusão... Mas como superar uma coisa que você
não aceita? Palavras de Osho: “Quando aceita, você fica acima, você
transcende. Quando luta, você desce para o mesmo nível. Aceitação é
transcendência. Quando aceita, você fica sobre uma colina e o corpo é deixado
para trás. Você diz, "Sim, tal é a sua natureza. O que nasce tem de morrer
e, se tem de morrer, às vezes fica doente. Não é preciso se preocupar tanto" —
fale como se isso não estivesse acontecendo com você, só acontecendo no mundo
das coisas.
Esta é a beleza: quando não está
lutando, você transcende e deixa de ficar no mesmo nível. Essa transcendência
torna-se uma força de cura. De repente o corpo começa a mudar. O mundo das
coisas é um fluxo; nada é permanente ali. Não espere permanência! Se esperar
permanência neste mundo onde tudo é impermanente, você provocará inquietação.
Nada pode ser para sempre neste mundo;
tudo o que pertence a este mundo é momentâneo. Essa é a natureza das coisas, a
aceitação daquilo que é. Se você relutar em aceitar um fato, viverá o tempo
todo na dor e no sofrimento. Se aceitá-lo sem nenhuma queixa, não num estado de
impotência, mas de compreensão, trata-se de aceitação daquilo que é. Dali em
diante você deixa de ficar preocupado e não existe mais problema”.
Entendeu a diferença? Chore, grite,
desabafe. Enfrente a dor. Guardar dentro de você, se tornar recluso e incrédulo
só te causará mais dor: amargura, descrença, depressão... E não fomos colocados
no mundo para isso. Estamos aqui para aprender, evoluir, melhorar como seres
espirituais. A matéria se vai. O que você quer deixar para a humanidade? Se
acredita em reencarnação, como quer vir na outra vida? Quer sofrer por diversas
vidas até aprender ou aproveitar as chances que a vida está te dando e crescer?
Se acredita que será julgado por Deus no
Juízo Final, como quer ser visto? Como a pessoa que se dedicou dia após dia
para ser melhor ou como a pessoa que fez o que achava melhor pra não ir “ao
inferno”? Você foi bom de verdade ou esperava uma recompensa?
Seja bom de verdade. Seja humano. Seja
verdadeiro. Seja humilde. Deixe o orgulho numa caixa trancada e jogue no lixo.
Você não vai ser ajudado se ninguém souber pelo que está passando. Você não vai
ter oportunidades se não correr atrás delas. Mas, você vai ser julgado se
preferir se sentar e julgar. Vai ficar amargurado quando perceber que a sua
bondade era por esperar algo em troca. Não se compadecerá com a dor e o
sofrimento dos outros. Nem mesmo com o seu. Deixe a arrogância de lado e seja
feliz.
Namastê
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