A palavra do
momento é Sororidade, que é “a
união e aliança entre mulheres, baseado na empatia e companheirismo, em busca
de alcançar objetivos em comum”. O conceito é muito interessante, e a
palavra está presente nos textos do facebook, hashtags do instagram, nos
discursos acalorados, vídeos e comentários... Mas, e na prática?
Como escritora sou (antes de tudo) uma observadora dos seres
humanos. E por achar extremamente contraditórios os discursos das ações que
tenho visto, resolvi contar para vocês um pouco da minha experiência com as
pessoas que mais falam sobre sororidade atualmente no meu circulo social. Não estou
generalizando ou dizendo que isso se repete no seu meio ou na sua vida. Estou
escrevendo sobre o que vivo.
Quem são elas?
Estas, são as mesmas mulheres que estão linchando
publicamente a ex mulher de um cantor famoso por esta exigir que o ex pague uma
pensão justa para o filho que tem com ele (sim, ela não procriou sozinha). As
mesmas ditas defensoras das mulheres, são as que questionam a veracidade de uma
denúncia de abuso sexual e violência doméstica feita por outra mulher, fazendo
perguntas do tipo “por que demorou tanto pra denunciar?”, ou fazendo afirmações
do tipo “ela tem cara de quem gosta” ou “apanhou porque mereceu!”.
São elas que quando encontram outra usando short ou um
vestido mais ousado, soltam o clichê “é por isso que os homens não respeitam as
mulheres”. Ou quando descobrem que o marido da vizinha a traiu se refere à
outra como “vagabunda” e outros nomes de baixo calão, sem sequer citar o homem,
que teoricamente é um dos responsáveis pela própria relação.
Essas mulheres que dizem lutar por mais empatia, são as
mesmas que se sentem ameaçadas por outra que trabalha na mesma área e fazem de
tudo para prejudicar a suposta rival atrapalhando o bom andamento do serviço
desta. São as mesmas que se afastam das amigas solteiras quando começa a
namorar porque o parceiro insinuou algo sobre a índole delas.
Estas mesmas pessoas que mandam correntes pedindo para as mulheres
se unirem, são as que quando descobrem que outra está fazendo sucesso,
questionam os meios que usou e fazem insinuações sobre o caráter e a índole
dela. Que acreditam que nenhuma mulher consegue construir fortuna se não usar o
corpo para isso. São as mesmas que se revoltaram quando uma mulher rica disse
na internet que se sentia muito cansada depois do parto, mesmo com babás, e
insinuaram que ela “nem tocava” nos filhos, simplesmente por ser rica.
Qual o caminho?
Inveja, fofoca, julgamento, falsidade, “puxar tapete”, denegrir
certamente não é! Isso não tem simplesmente nada a ver com sororidade. Pelo contrario, está te levando
justamente para o caminho oposto. Empatia é se colocar no lugar do outro, e não
é possível falar em sororidade sem passar pela empatia.
Antes de crucificar outra pessoa, se coloque no lugar dela. Como
você se sentiria ao ter sua credibilidade e índole atacados na internet por alguém
que você nunca viu e sabe muito pouco ou nada sobre você? Como você se sentiria
se uma pessoa do mesmo sexo que você se sentisse ameaçada pela sua presença,
simplesmente porque você tem talento? Como você se sentiria se duvidassem da
sua inteligência e potencial simplesmente por ser mulher? E o pior, como você
se sentiria se todos estes julgamentos viessem de outra mulher? Então, é assim
que o outro se sente quando você age dessa maneira.
A sororidade não é só uma palavra bonita para você usar na
rede social. É pra ser vivida em cada momento do seu dia, para melhorar a sua vida
e a de todos que estão à sua volta. Principalmente as mulheres. Já somos
julgadas a todo momento, então não precisamos mais disso. Ame mais e julgue
menos.